segunda-feira, 22 de julho de 2019

As gaitas da Kongsheng chegaram ao Brasil


Já faz quatro anos que eu não apareço por aqui. Eu não desisti deste blog, eu apenas me esqueci que ele existia. Na verdade, é estranho pensar em blogs no ano de 2019, pois agora com a moda dos stories lançada pelo Snapchat e, posteriormente difundida massivamente pelo Instagram, o conceito que conhecíamos como "blogging" mudou bastante.

E não são só as redes sociais que estão em constante mudança. No mundo dos celulares, marcas chinesas estão conquistando grandes fatias do mercado, como a Xiaomi, que além de smartphones, fabrica de patinetes a carros! Já no meio da guitarra, as fabricantes Joyo e Mooer ganham espaço no mercado de pedais e amplificadores, quase equiparando-se a marcas lendárias como Boss e MXR.

E qual seria o diferencial das marcas chinesas? A qualidade seria maior? Não, pois praticamente tudo que consumimos, independente da marca, vem da China, então o controle de qualidade é basicamente o mesmo, tanto nas marcas chinesas, quanto nas multinacionais, pois tudo é feito pelas mesmas "mãos". A diferença está no preço. Ele é imbatível, e não tem nada a ver com o uso de componentes inferiores ou algo assim, mas sim por não agregar valor com nomes de peso como Apple, Samsung, etc.

Não demoraria que esse universo invadisse a praia do ramo das gaitas, né? As centenárias empresas Hohner, Seydel e no Brasil, Hering, não dominariam o mercado do instrumento de sopro para sempre. E nessa onda, vimos o surgimento de diversas marcas chinesas, partindo desde com um parco padrão de qualidade, despontando até com a fabricação de instrumentos satisfatórios e "profissionais". Vimos até mesmo marcas gigantescas, como a Fender, lançando as próprias gaitas (ou quase isso, pois se trata de OEM).

OEM é a sigla para "original equipment manufacter", ou em português, fabricante original do equipamento. Trocando em miúdos, os chineses produzem as gaitas e a Fender, Dolphin, Spring, ou qualquer outra marca, apenas assina o produto com seu logotipo. Raramente algo de bom sai desse tipo de produto, e eu nunca consegui entender por que todas elas são exatamente idênticas ou bastante similares às Hohner Blues Band...

As marcas Boseno e Easttop foram as primeiras chinesas a apresentar uma qualidade satisfatória na produção de gaitas. Com valores atrativos, principalmente se importadas diretamente de sites chineses como AliExpress ou Wish, as harmônicas realmente entregam certa qualidade, pelo menos para quem não ganha a vida como gaitista profissional, seja lecionando ou se apresentando, e deseja apenas aprender ou se divertir com o instrumento.

A bola da vez do mercado chinês são as gaitas da Kongsheng. O hype delas é tamanho entre os gaitistas brasileiros, dentre eles o Rodrigo Eberienos, que até gravou um vídeo comparativo, mostrando o desempenho de alguns modelos da marca em relação à alicerces da Hohner como Special 20 e Meisterklasse. O destaque evidenciado pelo vídeo - que não dispõe de muito qualidade por ter sido gravado, provavelmente por um celular ou webcam - , é o volume das gaitas, que parece estar pelo menos 25% mais alto.


Ainda não tive a oportunidade de experimentar ou ver de perto nenhuma gaita da Kongsheng, mas estou bastante interessado na Solist. Achei o modelo particularmente bonito por ter o corpo branco, que me lembrou bastante a Seydel 1847 Silver. Falando nisso, a trajetória da marca teve início alguns anos atrás quando eles fabricavam as gaitas Harpmaster e Bluesmaster para a fabricante japonesa Suzuki.

Talvez isto explique o fato de que o modelo Bluebird seja praticamente idêntico à Suzuki Olive ou que a Kongsheng Amazing 20, se assemelhe de certa forma à Suzuki Harpmaster*. Não estou criticando a marca ou nada do tipo. É muito complicado que fabricantes de algo tão simples como a gaita reinventem o instrumento nesta altura do campeonato. Mas ao que tudo indica, copiando, ou não, a Kongsheng aparenta estar realizando um excelente trabalho.


No Brasil, o instrumento está sendo distribuído exclusivamente pelo site Fazen Music, de Brusque/SC. Os modelos Amazing 20, Benders, Blue Bird, Solist e Sunrise já podem ser obtidos por valores que flutuam de 150 a 250 reais. Nada mal para um produto que realmente parece ser bom, mas incerto para quem pode adquirir Hohners e Suzukis, praticamente infalíveis, pela mesma quantia investida.

Assim que eu tiver a oportunidade de experimentar alguma gaita da Kongsheng, pretendo fazer um review e publicar aqui no blog. Até lá vou atiçar o G.A.S. dos leitores afirmando que as placas de vozes das gaitas são construídas com uma liga de fósforo bronze exclusiva da marca. Além de serem bastante espessas, garantindo mais volume. Por enquanto é isto, prometo não desaparecer de novo, pelo menos por enquanto!


* Após ler o texto, o gaitista Little Will relatou também que a Suzuki Bluesmaster tem o mesmo corpo que a Kongsheng Benders. Apesar das similaridades, a diferença é que as palhetas da Kongsheng tem o mesmo tamanho que as da Hohner e que em alguns modelos da Suzuki, como Olive e Manji, possuem palhetas são mais duras.

Outro adendo é que as placas de vozes das gaitas da Kongsheng, além de serem cromadas, são mais espessas e garantem mais volume em relação às concorrentes. "O cromo faz uma espécie de camada entre o slot e a palheta, fazendo praticamente um embossing natural", descreveu o Little Will no grupo Gaitistas do Brasil, via WhatsApp.

Um comentário:

Yuri disse...

Recentemente adquiri 3 modelos de gaita da Kongsheng.

Amazing 20, Benders e Mars.

Todas me surpreenderam pela qualidade de construção e boa projeção sonora.

Mais ainda, tenho me aventurado no cromatismo da gaita diatônica e até então somente as gaitas Golden Melody, Crossover e Manji, com apenas pequenos ajustes de altura e arqueamento de palhetas, me possibilitavam a execução de todas as notas fabricadas (bends e overs).

Ao proceder da mesma forma com as kongsheng, todos os 3 modelos aceitaram muito bem meus ajustes de palhetas e permitiram tocar todas as notas fabricadas sem problemas.

Ainda prefiro o timbre da Golden Melody, mas isso é uma questão de gosto pessoal.

obs: as kongsheng são muito parecidas com as suzuki, inclusive estou usando as placas de vozes da Mars no corpo/pente da Manji e com placas de cobertura da Pro-master.